Matutos, caipiras, jecas: certamente era com esses olhos que, em 1950, os 10 milhões de citadinos viam os outros 41 milhões de brasileiros que moravam no campo, nos vilarejos e cidadezinhas de menos de 20 mil habitantes. Olhos, portanto, de gente moderna, “superior”, que enxerga gente atrasada, “inferior”. (MELLO, João Manuel Cardoso de; NOVAIS, Fernando A. Capitalismo Tardio e Sociabilidade Moderna. In.: SCHWARCZ, Lilia Moritz (org). História da vida privada no Brasil: contrastes da intimidade contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 574)
O trecho revela a relação conturbada entre o campo e a cidade na modernidade brasileira.
Sobre isso, é CORRETO afirmar:
a) A cidade oferecia a aventura e a novidade. O campo oferecia as certezas. No campo, estava a certeza da continuidade e da garantia da terra na produção de alimentos, vitais para as necessidades para a vida do homem.
b) A estrutura social do campo no Brasil era marcada por uma hierarquização social rígida: latifundiários capitalistas no topo e trabalhadores assalariados abaixo, produzindo exclusivamente para o mercado.
c) Expõe a fratura campo X cidade. A vida na cidade atrai e fixa, porque oferece melhores oportunidades e acena um futuro de progresso individual, enquanto o campo, ao contrário, marcado por incertezas, repele e expulsa.
d) No Brasil sempre se manteve uma distância muito grande entre o urbano e o rural. O rural ficava isolado, distante, sem contato com os serviços e as modernidades e, assim, mantinha-se ignorando o que acontecia no país.
e) Oportunidades de trabalho na indústria, comércio, transportes, construção etc. eram frutos da urbanização rápida do país, levando milhões de migrantes da área rural, que ali encontravam planejamento e equilíbrio.