A herança do trabalho fragmentado, já naturalizada em nossas escolas, compõe-se com uma falsa noção de autonomia, manifesta no cotidiano por frases como "fecho a porta de minha sala de aula e faço o que eu achar melhor". A possibilidade de se realizar o trabalho isolada e independentemente, sem nenhuma vinculação com outros sujeitos, não expressa, de modo algum, o que entendemos por autonomia. Expressa, isto sim, a solidão no local de trabalho e a angústia diante de relações marcadas pela subalternidade.
GARCIA, Teise de Oliveira Guaranha; CORREA, Bianca Cristina. Desafios à democratização da gestão escolar e a atuação dos professores na escola pública. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 3, n. 4, p. 225 237, jan./jun. 2009.
No excerto apresentado, as autoras destacam características do trabalho docente, apontando para alguns elementos necessários para a implementação de uma gestão democrática, prevista na legislação como um dos princípios da educação nacional. Baseados na legislação nacional e nos textos produzidos sobre a Gestão Democrática da Educação por pesquisadores da área, afirma-se que
a) não existem dificuldades para uma gestão democrática da educação uma vez que todos desempenham a contento suas funções, estabelecidas por lei e de conhecimento de todos a partir de formação específica.
b) a crescente diminuição da autonomia do trabalho docente aliada a uma cultura de trabalho que valoriza uma ação individualizada são dificultadores para a construção de uma gestão democrática.
c) a gestão democrática da educação depende muito mais da legislação do que da ação das pessoas, uma vez que a mesma vai funcionar quando a lei estabelecer a escolha dos diretores por meio de eleição com participação da comunidade.
d) a gestão democrática não funciona adequadamente por culpa dos docentes que não conhecem seus direitos e acabam por trabalhar somente em sua sala de aula, sem se envolver em reuniões pedagógicas com seus colegas.