“A ciência, tanto por sua necessidade de coroamento como por princípio, opõe-se absolutamente à opinião. Se, em determinada questão, ela legitimar a opinião, é por motivos diversos daqueles que dão origem à opinião; de modo que a opinião está, de direito, sempre errada. A opinião pensa mal; não pensa : traduz necessidades em conhecimentos. Ao designar os objetos pela utilidade, ela se impede de conhecê-los. Não se pode basear nada na opinião: antes de tudo, é preciso destruí-la. Ela é o primeiro obstáculo a ser superado. Não basta, por exemplo, corrigi-la em determinados pontos, mantendo, como uma espécie de moral provisória, um conhecimento vulgar provisório. O espírito científico proíbe que tenhamos uma opinião sobre questões que não compreendemos, sobre questões que não sabemos formular com clareza”.
(Gaston Bachelard, A formação do espírito científico . Rio de Janeiro: Contraponto, 1996)
O excerto discute uma questão de ordem epistemológica que atravessa, em certa medida, a história da filosofia. No entender do autor, a ciência
a) é habitualmente desviada de seu caminho necessário pela opinião pública.
b) confirma a racionalidade estrita dos postulados baseados na opinião.
c) é contrária à opinião, pois visa produzir conhecimentos úteis à humanidade.
d) opõe-se à opinião, pois suas teses não são formuladas espontaneamente.
e) contradiz a opinião porque parte de hipóteses baseadas no senso comum.