A leitura do poema a seguir, de João Cabral de Melo Neto, conduzirá a questão:
O ENGENHEIRO
A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
Superfícies, tênis, um copo de água.
O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.
(Em certas tardes nós subíamos
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro.)
A água, o vento, a claridade
de um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.
(MELO NETO, João Cabral de, Serial e Antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.)
O poeta João Cabral de Melo Neto se tornou um grande escritor brasileiro a partir de 1945. Escrevia, com muita concisão, sobre o mundo real, como é possível contatar na leitura de “O Engenheiro”.
Qual é a melhor assertiva abaixo que esclarece se esse texto é literário ou não?
a) Percebe-se que a linguagem do autor é denotativa e, por isso, não há nenhuma expressão figurativa no texto;
b) Percebe-se, nessa poesia, o uso de muitos adjetivos. Somente por isso já se pode considerar literário esse texto;
c) Apesar do autor ter dito e reforçado, na primeira estrofe, sobre a clareza e exatidão das coisas vistas, há expressões figurativas em outro momento. Isso comprova a literariedade desse texto;
d) O simples aparecimento de figuras de linguagem não confere a esse texto o status de literário;
e) Esse texto não foi construído com sentimento e não tem expressões subjetivas. Por isso, ele não é literário.