Médicos estrangeiros
João Medeiros Filho*
Mais uma vez em pauta a discussão em torno da importação de
médicos estrangeiros ou formados no exterior. Não poderíamos
nos abster de reiterar nosso posicionamento sobre matéria tão
relevante. Hoje somos mais de 380 mil médicos no País, o que
nos coloca na 5ª colocação no mundo, em números absolutos.
Temos 197 escolas,perdendo apenas para a Índia(1,2 bilhão de
hab.), superando a China( 1,3 bilhão de hab.) e os Estados Unidos
que detêm, respectivamente, 150 e 134 faculdades.
Nossa pequenina Paraíba, com uma população de cerca de 3,8
milhões de almas, conta com 6 escolas médicas e, pelo menos,
mais 2 em fase de implantação – um recorde, com certeza.
Formam–se por ano, aproximadamente, 16500 esculápios no Brasil
e 500 a 600,em nosso meio.Como se não bastasse, a Presidente
Dilma Rousseff anunciou recentemente a intenção de criar mais
4500 vagas anuais para medicina.
Será que precisamos trazer profissionais do exterior?E como seria
a revalidação de diploma desses profissionais, via decreto?Faltam
médicos em nosso meio? .
Não existe ainda um consenso em relação ao número ideal de
médicos/ habitante. Pesquisa realizada pelo CFM/CREMESP
evidenciou que no Brasil tal coeficiente é de 1,95/1000, o que nos
remete ao patamar de diversos países de 1º. mundo, a exemplo do
Canadá e dos Estados Unidos.Temos, sim, má distribuição dos
profissionais, que se concentram nas grandes cidades e capitais,
por falta de políticas públicas que priorizem a interiorização do médico.
Em João Pessoa, onde pontificam mais de 3000 esculápios, a
relação é de 4/1000, o dobro da média nacional; no entanto, mais
de 15% das equipes da ESF não dispõem de médicos, devido a
diversos fatores, entre os quais,a falta de condições adequadas
de trabalho e de segurança, a fragilidade do vínculo trabalhista e
a baixa remuneração. Não é importando médicos que vamos
corrigir tal distorção.
Não cultivamos a xenofobia, mas defendemos a revalidação dos
diplomas estrangeiros nos moldes do REVALIDA, que é aplicado
anualmente pelo MEC. Precisamos, sim, garantir a qualificação
profissional daqueles que pretendem atuar em nosso País, em
defesa da população menos favorecida, para que não incorramos
no erro de oferecer uma assistência médica pobre, de 2ª categoria,
para o pobre.