Jean-Jacques Rousseau publicou em 1755 o Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens . Em dedicatória aos governantes de Genebra, afirma:
Eu quisera nascer num país em que o soberano e o povo só pudessem ter um único e mesmo interesse, a fim de que todos os movimentos da máquina tendessem sempre unicamente à felicidade comum; como isso só poderia ser feito se o povo e o soberano fossem a mesma pessoa, resulta que eu quisera nascer sob um governo democrático, sabiamente moderado.
Eu quisera viver e morrer livre, isto é, de tal modo submetido às leis que nem eu nem ninguém pudesse sacudir o honroso jugo, esse jugo salutar e doce, que as cabeças mais altivas carregam tanto mais docilmente quanto são feitas para não carregar nenhum outro.
Eu quisera, pois, que ninguém, no Estado, pudesse dizer-se acima da lei, e que ninguém, fora dele, pudesse impor alguma que o Estado fosse obrigado a reconhecer; de fato, qualquer que possa ser a constituição de um governo, se neste se encontra um só homem que não esteja submetido à lei, todos os outros ficam necessariamente à discrição deste último (...)
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Com base no trecho, pode-se afirmar que
a) os interesses do soberano nem sempre devem corresponder aos interesses dos cidadãos, uma vez que o governo democrático deve representar interesses conflitantes.
b) a felicidade do povo depende do esforço de um soberano que consiga garantir a condução do governo com moderação.
c) a liberdade só poderá ser efetivada pela obediência a leis comuns, que se apliquem indistintamente a todos os homens.
d) o exercício da liberdade não pode estar submetido às leis, pois nem sempre elas serão justas, mesmo em Estados democráticos.
e) o Estado tem o dever de determinar os limites de validade da lei, pois sua aplicabilidade varia de acordo com a constituição do governo.