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Questões de Concurso: Funções morfossintáticas da palavra SE

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Texto 1A2-I

    Este artigo questiona a informação histórica de que o Brasil se insere na modernidade-mundo, o chamado “mundo moderno”, através da realização da Semana de Arte Moderna de 1922. Tal inserção se daria, na verdade, pela construção do samba moderno a partir da ótica artística de Pixinguinha (1897-1973), em especial pela sua excursão com os Oito Batutas pela França, em 1921, patrocinada pelo multimilionário Arnaldo Guinle (1884-1963), apesar das críticas negativas de cunho racista dos cadernos culturais da época.
    O samba de Pixinguinha é resultante do amálgama das expressões culturais e religiosas afro-brasileiras e das trocas de experiências culturais entre diferentes expressões culturais que começavam a circular pelo mundo, de maneira mais ampla e rápida, graças às ondas sonoras de rádio, às gravações de discos e às partituras que chegavam ao Rio de Janeiro. Existia toda uma vida cultural que se desenvolvia em torno da vida portuária carioca, que funcionava como acesso das populações pobres e marginalizadas da cidade ao que de mais moderno ocorria no mundo, de maneiras inimaginadas pelas elites da época, com impactos ainda não devidamente situados e valorizados em suas importâncias e significados para a cultura brasileira. Há ainda a influência da música europeia como a polca ou a música de Bach, retrabalhadas e contextualizadas pelos músicos negros e mestiços que deram origem ao choro e ao maxixe, os quais seriam presenças seminais no artesanato musical de Pixinguinha.
     Pixinguinha e seus oito Batutas subvertem a ordem racista da elite brasileira da época conquistando -- literalmente -- a cidade luz, estabelecendo novos parâmetros culturais e de modernidade para os próprios europeus. No entanto, mesmo que seu impacto no exterior tenha se dado de maneira espaçada e pontual, a Semana de Arte Moderna de 1922 ficou conhecida como símbolo de nossa inserção na modernidade-mundo vigente, em detrimento do impacto imediato causado pela arte revolucionária de Pixinguinha e sua trupe musical entre os círculos culturais europeus. Cada apresentação era uma demonstração ao mundo de uma nova forma de música urbana, articulada e desenvolvida, com estrutura rítmica e harmoniosa de alta sofisticação. Não é por acaso que as gravações e partituras desse período em Paris tornaram-se referenciais para o cenário musical francês e para o mundo do jazz norte-americano, como ficaria comprovado pela admiração confessa de Louis Armstrong (1901-1971) por Pixinguinha ou pela regravação de Tico-Tico no fubá por Charlie Parker (1920-1955), no álbum La Paloma, em 1954. Christian Ribeiro. Pixinguinha, o samba e a construção do Brasil moderno. Internet: (com adaptações).  
No trecho “Existia toda uma vida cultural que se desenvolvia em torno da vida portuária carioca”, a partícula “se” classifica-se como
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Para responder a questão, considere o texto abaixo.


A roda dos não ausentes


O nada e o não,

ausência alguma,

borda em mim o empecilho.

Há tempos treino

o equilíbrio sobre

esse alquebrado corpo,

e, se inteira fui,

cada pedaço que guardo de mim

tem na memória o anelar

de outros pedaços.

E da história que me resta

estilhaçados sons esculpem

partes de uma música inteira.

Traço então a nossa roda gira-gira

em que os de ontem, os de hoje,

e os de amanhã se reconhecem

nos pedaços uns dos outros.

Inteiros. 


(EVARISTO, Conceição. Poemas da Recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017, p. 12)

Considere o verso “e os de amanhã se reconhecem” (v.16) e o contexto em que está inserido. A construção em destaque ilustra:
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TEXTO I

É assim que acontece a bondade

Rubem Alves

(...)

O que pode ser ensinado são as coisas que moram no mundo de fora:

astronomia, física, química, gramática, anatomia, números, letras, palavras.

Mas há coisas que não estão do lado de fora, coisas que moram dentro do corpo.

Estão enterradas na carne, como se fossem sementes à espera…

Sim, sim! Imagine isto: o corpo como um grande canteiro!

Nele se encontram, adormecidas, em estado de latência, as mais variadas sementes.

Elas poderão acordar, como a Bela Adormecida acordou com um beijo.

Mas poderão também não brotar.

Tudo depende…

As sementes não brotarão se sobre elas houver uma pedra.

E também pode acontecer que, depois de brotar, elas sejam arrancadas…

De fato, muitas plantas precisam ser arrancadas, antes que cresçam:

as pragas, tiriricas, picões…

Uma dessas sementes é a “solidariedade”.

A solidariedade não é uma entidade do mundo de fora,

ao lado de estrelas, pedras, mercadorias, dinheiro, contratos.

Se ela fosse uma entidade do mundo de fora poderia ser ensinada e produzida.

A solidariedade é uma entidade do mundo interior.

Solidariedade nem se ensina, nem se ordena, nem se produz.

A solidariedade tem de brotar e crescer como uma semente…

Veja o ipê florido!

Nasceu de uma semente.

Depois de crescer não será necessária nenhuma técnica,

nenhum estímulo, nenhum truque para que ele floresça.

Angelus Silesius, místico antigo, tem um verso que diz:

“A rosa não tem porquês. Ela floresce porque floresce”.

O ipê floresce porque floresce.

Seu florescer é um simples transbordar natural da sua verdade.

A solidariedade é como o ipê:

nasce e floresce. 

Mas não em decorrência de mandamentos éticos ou religiosos.

Não se pode ordenar: “Seja solidário!”

A solidariedade acontece como um simples transbordamento:

as fontes transbordam…

Já disse que solidariedade é um sentimento.

É esse o sentimento que nos torna humanos.

A solidariedade me faz sentir sentimentos que não são meus, que são de um outro. Acontece assim: eu vejo uma criança vendendo balas num semáforo.

Ela me pede que eu compre um pacotinho das suas balas.

Eu e a criança – dois corpos separados e distintos.

Mas, ao olhar para ela, estremeço:

algo em mim me faz imaginar aquilo que ela está sentindo.

E então, por uma magia inexplicável, esse sentimento imaginado se aloja junto dos meus próprios sentimentos.

Na verdade, desaloja meus sentimentos, pois eu vinha, no meu carro, com sentimentos leves e alegres,

e agora esse novo sentimento se coloca no lugar deles.

O que sinto não são meus sentimentos.

Foram-se a leveza e a alegria que me faziam cantar.

Agora, são os sentimentos daquele menino que estão dentro de mim.

Meu corpo sofre uma transformação:

ele não é mais limitado pela pele que o cobre.

Expande-se.

Ele está agora ligado a um outro corpo que passa a ser parte dele mesmo.

Isso não acontece nem por decisão racional, nem por convicção religiosa, nem por um mandamento ético.

É o jeito natural de ser do meu próprio corpo, movido pela solidariedade.

Pela magia do sentimento de solidariedade meu corpo passa a ser morada do outro.

É assim que acontece a bondade.

O menino me olhou com olhos suplicantes.

E, de repente, eu era um menino que olhava com olhos suplicantes…


Disponível em https://rubemalvesdois.wordpress.com/2010/09/11/e-assim-que-acontece-a-bondade/

As sementes não brotarão se sobre elas houver uma pedra”.

A partícula “se” pode exercer diferentes funções nas orações, dependendo do papel que desempenha em relação aos outros elementos sintáticos. No caso do período destacado, a partícula “se” está exercendo função de

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Texto associado.
O texto a seguir é referência para a questão.
 
Cientistas comprovaram, pela primeira vez, que o ritmo da entrada e saída de ar no corpo cria uma atividade elétrica no cérebro humano que acentua os julgamentos emocionais e até lembranças desconfortáveis. Esses efeitos se alteram se a pessoa está inspirando ou expirando – e se ela respira pelo nariz ou pela boca. 
No estudo, desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade de Northwestern, voluntários foram capazes de identificar uma expressão amedrontada mais rapidamente quando deparavam com o rosto enquanto inalavam do que quando exalavam. Os participantes tiveram mais facilidade em se lembrar de um objeto quando se deparavam com ele enquanto inspiravam do que quando expiravam. O efeito desaparecia se eles estivessem respirando pela boca. 
“Uma das principais descobertas desse estudo é que existe uma grande diferença na atividade cerebral na amígdala e no hipocampo durante a inspiração em comparação com a expiração”, explicou a autora principal do estudo, Christina Zelano, professora assistente de neurologia da Escola de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern. “Quando você inspira, nós descobrimos que você está estimulando neurônios no córtex olfativo, amígdala e hipocampo, através de todo o seu sistema límbico”. O estudo foi publicado no periódico científico Journal of Neuroscience. O autor sênior é Jay Gottfried, professor de neurologia na Feinberg.
Os pesquisadores chegaram a essas conclusões ao acompanhar sete pacientes com epilepsia que estavam com cirurgias cerebrais marcadas. Uma semana antes dos procedimentos, um cirurgião implantou eletrodos no cérebro dos pacientes para identificar a origem das convulsões. Isso permitiu que os cientistas adquirissem dados eletrofisiológicos diretamente do cérebro dos pacientes. Os sinais elétricos registrados mostraram que a atividade cerebral flutuou durante a respiração. A atividade ocorre em áreas cerebrais nas quais emoções, memórias e cheiros são processados.
A descoberta levou os cientistas a se perguntar se as funções cognitivas tipicamente associadas com essas regiões do cérebro – especialmente o processamento do medo e da memória – poderiam ser afetadas também pela respiração. A amígdala está fortemente associada com o processamento emocional, em particular emoções relacionadas ao medo. Desse modo, os cientistas pediram a 60 pessoas, no ambiente do laboratório, que tomassem uma decisão rápida sobre expressões emotivas enquanto registravam a respiração deles.
Os voluntários receberam fotos de rostos com expressões de medo ou surpresa e tiveram de indicar rapidamente qual emoção cada rosto estava expressando. Quando encaravam as fotos durante a inspiração, os indivíduos as reconheciam como amedrontadas mais rapidamente do que quando faziam o mesmo durante a expiração. Isso não aconteceu com as expressões de surpresa. Esse efeito diminuiu quando os participantes realizaram a mesma tarefa enquanto respiravam pela boca. [...]
Em um experimento que tinha como objetivo acessar a função da memória (ligada ao hipocampo), os mesmos participantes observaram fotos de objetos em uma tela de computador e foram instruídos a memorizá-las. Os pesquisadores descobriram que os participantes do experimento se lembraram melhor quando tinham encarado as imagens durante a inspiração.
“Isso significa que uma respiração rápida poderia conferir vantagens quando alguém está numa situação perigosa”, explica Zelano. “Se você está em um estado de pânico, o ritmo da sua respiração se torna mais rápido”, afirma. “Como resultado, você passará proporcionalmente mais tempo inalando do que em um estado calmo; assim, a resposta natural do nosso corpo ao medo em aumentar a frequência da respiração pode ter um impacto positivo no funcionamento do cérebro e resultar em uma resposta mais rápida a estímulos perigosos do ambiente.” Outro insight potencial da pesquisa diz respeito aos mecanismos básicos da meditação ou percepção da respiração. “Quando a pessoa inspira, em certa medida está sincronizando oscilações cerebrais por meio da rede límbica”.
(Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/como_a_respiracao_afeta_sentimentos.html)  

Considere os seguintes empregos da partícula “se” no texto:

1. “Esses efeitos se alteram...” (1º parágrafo). 
2. “...lembrar de um objeto quando se deparavam com ele enquanto inspiravam” (2º parágrafo). 
3. “A descoberta levou os cientistas a se perguntar...” (5º parágrafo). 
4. “...descobriram que os participantes do experimento se lembraram melhor quando tinham encarado as imagens...” (7º parágrafo).

A partícula está empregada como pronome reflexivo em:

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Texto associado.

Não o suficiente

                                                                                                               Carla Dias


      Sentado à mesa, cercado por tantos. Entende bem o que acontece ali, mas é experiente em enganar os próprios sentidos, mesmo não gostando dessa qualidade da qual não consegue se livrar. Vale-se dela sempre que a oportunidade se apresenta. É um talento. Um incômodo talento.

      Permanece ali, os braços cruzados, a cabeça levemente inclinada, como se observasse o cenário que se estende além.

      Já conhece as manifestações que se alardeiam, durante esses encontros sociais. Na verdade, compôs uma canção, certa vez, com uma inquietante letra gerada de combinações de algumas delas: não cabe aqui, não serve para isso, não orna com aquilo, não é sua culpa, mas não vai dar certo.

      É bom, só que não o suficiente.

      Não ser o suficiente é meio que o slogan da vida dele, alguém considerado nada suficiente, até mesmo quando transborda. Acostumou-se a ser visto dessa forma.

      A tal canção tomou conta dele. É capaz de cantá-la de trás para frente, formar novos versos, bagunçar as palavras e, ainda assim, elas continuam ridiculamente cruéis. A melodia, não... Nela ele se recusa a mexer. Ela é a única beleza que reina plena nesse baile da saudade que acontece em seu dentro. Há ternura nessa afiada melodia, ela que é a única cria da qual ele não sente vergonha de ter trazido ao mundo.

      Apegou-se a uma frase que escutou um alguém verbalizar, enquanto passava por ele, depois de um dia de inutilidades profissionais. “Equilibrar-se é saber se desequilibrar com elegância.” Achou aquilo de uma sabedoria profunda e profana. De uma dualidade revigorante, porque se considera equilibrado com a boca cheia de palavras engolidas, de mágoas salientes, de lamentos reverberantes. Daqueles que bufa, do nada, assustando a pessoa que dorme sentada ao lado, em alguma sala de espera da vida.

      A elegância do desequilíbrio é o que mantém à mesa. Ninguém ali se importa de fato com ele, ou deseja escutar o que ele tem a dizer. Sabem seu nome, porque saber o nome oferece pompa, na hora de chamar o insignificante para o campo, e que ele batalhe pelos que significam. É como se chamassem um animal de estimação. Ele atende, rasteja-se, servil, até eles. Atende aos desejos desses sujeitos que acham que a própria dignidade mora na indignidade do outro.

      Os nada suficientes.

      Estranhamente, essas pessoas significam para ele. Há algo de aprendizado nessa labuta de dissonantes inseguranças travestidas de hierarquia. Estranhamente, ele se alimenta da espera pelo dia em que, rebelde como jamais antes, ele se levantará e partirá dali, deles. Sumirá das vistas, das teias, das inseguranças desses significantes que não sabem significar sem desidentificar o outro.

      Equilibrar-se ao desequilibrar-se com elegância, para ele, é combater, na singeleza do insignificante, uma diplomacia mimada, das que atendem a todos os clichês abrandadores de mal-estar. Então, quando dão a vez a ele, permitem ao insuficiente se manifestar, ele sorri e se cala, enquanto rumina a ciência de que, sim, ele sabe que não é o suficiente, ao menos não para atender ao catálogo dos desejos impróprios. Porque acha de uma impropriedade sibilante ter de atender aos desejos alheios, enquanto sufoca os próprios. 

      Ele sorri a certeza de que acontecerá o dia em que ele os reconhecerá, os desejos que vem diluindo em vulgares ironias, recebidas assim, embrulhadas em pequenas doses de falseada gentileza. O dia em que os libertará de uma polidez adquirida como proteção e os soltará no mundo, rebeldes e eletrizantes. Livres. 

      E isso será o suficiente. Ele será o suficientemente corajoso para se despedir de seus apaixonantes flagelos. Desequilibradamente equilibrado, dará a vez a si.

Disponível em: . Acesso em: 16 nov. 2019.

O termo destacado em “[...] ele sabe que não é o suficiente [...]” é 
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A respeito da colocação dos pronomes oblíquos átonos na norma culta da Língua Portuguesa, pode-se afirmar que, na sentença “Esse argumento funda-se” (linha 10), a partícula “se” foi colocada em ênclise de forma 
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Texto associado.
TEXTO
1 Ao contrário do que muitos pensam, ser médico não é fácil. A prática da medicina sofreu muitas alterações
2 nos últimos anos. Nesse sentido, o estresse ocupacional tem afetado a saúde psicológica dos médicos. Em muitos
3 casos, há interferências não só no exercício da profissão como também na vida pessoal desses profissionais. Não
4 obstante, as condições de trabalho estão cada vez mais exigentes e desgastantes. Diariamente, desde a formação, o
5 médico tem que lidar com carga horária excessiva, além das cobranças pessoais, institucionais e sociais cada vez
6 maiores.
7 Nos últimos anos, os médicos vêm lidando com muitas perdas, entre as quais, a qualidade de vida e a
8 autonomia em seu ambiente de trabalho. A exposição a situações cada vez mais estressantes, seja nas instituições
9 em que trabalham ou com o público ali atendido, tem aumentado a vulnerabilidade desses profissionais.
10 Por tudo isso, os reflexos dessa rotina profissional vêm interferindo na saúde psicológica dos médicos. De
11 forma cada vez mais frequente, os prejuízos refletem nas relações afetivas, familiares e sociais.
12 Não por acaso, cada vez mais, o abuso de substâncias para aliviar o impacto dessa realidade vem aumentando
13 consideravelmente. Isso vem provocando nos médicos um gigantesco quadro de adoecimento emocional,
14 desencadeando especialmente quadros de depressão e suicídio, temas raramente discutidos.
15 Para compreendermos a saúde psicológica dos médicos, precisamos deixar de lado a representação social
16 que esses profissionais possuem. Somente abrindo mão do estereótipo social do médico é que vamos conseguir
17 enxergar as pessoas por trás da profissão.
18 Estudos que versam sobre a representação social do médico informam que esse profissional geralmente é
19 visto como: pessoa financeiramente rica e bem-sucedida, por isso, não tem problemas; detentor de um
20 conhecimento privilegiado, motivo pelo qual tem a obrigação de saber todas as coisas; pessoa com disponibilidade
21 integral para servir; alguém que ganha muito para fazer pouco.
22 Lamentavelmente, essa visão é amplamente difundida na nossa sociedade. Com isso, a população generaliza
23 e rotula injustamente nossos médicos. Não bastasse essa avalanche social, muitos governantes e instituições incitam
24 a população a declarar guerra aos médicos. Agindo dessa forma, transferem a esses profissionais a responsabilidade
25 pelo caos atualmente visto na saúde do país, especialmente na esfera pública. No discurso dessas pessoas, propaga-
26 se que os problemas e a falta de acesso à saúde são culpa dos médicos, fazendo com que estes recebam, em sua
27 atuação profissional, uma carga emocional altamente danosa e muito superior às inerentes à sua atuação.
28 Isso tem levado os médicos a desenvolver habilidades para além de suas funções. Além do saber técnico, são
29 requeridos a driblar, cotidianamente, as cobranças, insultos e agressões físicas e morais em seu ambiente de
30 trabalho. São eles que suportam a insatisfação da população com o sistema de saúde (público e privado). Por
31 conseguinte, poucas pessoas conseguiriam viver a rotina dos médicos.
32 Além de serem julgados socialmente e expostos, nem sempre os médicos possuem condições adequadas para
33 o exercício de suas funções profissionais. E não para por aí. Os médicos ainda sofrem outros danos.
34 Há uma cobrança e uma disputa nem sempre tácitas entre os próprios médicos. Muitas vezes, eles mesmos
35 cobram de seus pares posições sociais que também geram prejuízos. Especula-se que todos os médicos devem ter
36 supercarrões, mega-apartamentos, amplo histórico de viagens ao redor do mundo, festas de casamentos
37 faraônicas… Como se isso fosse um requisito mínimo para quem é médico.
38 Implicitamente, propaga-se que, para ser médico, você tem que cumprir todos esses requisitos sociais. Tais
39 ocorrências têm provocado não só a exigência de trabalhar mais para suprir essas “necessidades”, elas têm
40 ocasionado também afastamento familiar, social e uma variabilidade de adoecimentos psicológicos e emocionais.
41 Os médicos estão emocionalmente doentes.
42 Sim, essa é uma constatação lamentável. O contexto em que muitos médicos estão inseridos tem levado a
43 uma perda dos filtros da realidade e à ausência de posicionamentos mais adequados para trazer equilíbrio à vida
44 pessoal e profissional.
45 Estudos mostram que, com o passar dos anos, os médicos vêm perdendo cada vez mais qualidade de vida.
46 Em associação com essa realidade, eles estão entre os maiores consumidores de antidepressivos e ansiolíticos.
47 Além disso, eles raramente conseguem manter uma alimentação balanceada, frequência regular de atividades
48 físicas e descanso.
49 Os ambientes de trabalho dos médicos geralmente são muito tensos e geradores de ansiedades desmedidas.
50 Os conflitos com superiores, com a equipe e com o público atendido são frequentes e exigem dos médicos preparo
51 psicológico e emocional que nem sempre lhes é viável. A rotina intensa de trabalho tem afastado esses profissionais
52 do seu núcleo familiar e da vida social, trazendo muitos prejuízos aos relacionamentos, especialmente aos namoros
53 e casamentos.
54 Muitos médicos foram afetados pelo desafio de trabalhar exacerbadamente para acumular bens materiais de
55 que raramente conseguem usufruir adequadamente. A maioria tem sido guiada pelas representações
56 descontextualizadas da profissão. Com isso, acabam legitimando um padrão comportamental do qual eles são a
57 principal vítima.
TEXTO ADAPTADO. FONTE: https://elidioalmeida.com/blog/estresse-ocupacional-afeta-a-saudepsicologica-dos-medicos/
A análise dos elementos linguísticos que compõem a primeira frase dessa mensagem permite que se considere como correto o que se afirma em
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Texto associado.
Texto
Einstein tinha razão
    Os buracos negros são há muito tempo as superestrelas da ficção científica. Mas a sua fama hollywoodesca é um pouco estranha porque ninguém tinha visto um — pelo menos até agora. Para quem precisa de ver para crer, pode agradecer ao Event Horizon Telescope (EHT), que acabou de nos oferecer a primeira imagem direta de um buraco negro. Este feito notável exigiu uma colaboração global para transformar a Terra num gigante telescópio e captar um objeto a milhares de
trilhões de quilômetros.
    Sendo assombroso e inovador, o projeto do EHT não é apenas um desafio. É na verdade um teste sem precedentes para ver se as ideias de Einstein sobre a própria natureza do espaço e do tempo se confirmam em circunstâncias extremas, e lança o olhar mais próximo que obtivemos até hoje sobre o papel dos buracos negros no universo.
    Para resumir: Einstein tinha razão.
    Um buraco negro é uma zona do espaço cuja massa é tão grande e densa que nem sequer a luz consegue escapar à sua atração gravitacional. Capturá-lo contra o fundo negro do além é uma tarefa quase impossível. Mas graças ao trabalho inovador de Stephen Hawking, sabemos que estas massas colossais não são apenas um abismo de onde nada sai. Os buracos negros são capazes não só de emitir grandes jatos de plasma, como a sua gravidade imensa também puxa fluxos de matéria para o seu núcleo.
    Quando a matéria se aproxima do horizonte de eventos de um buraco negro — o ponto a partir do qual nem a luz escapa — esta forma um disco orbital. A matéria neste disco converte alguma da sua energia em fricção entre as partículas. Isto aquece o disco, tal como nós aquecemos as mãos esfregando-as num dia frio. Quanto mais próxima estiver a matéria, maior a fricção. A matéria mais próxima do horizonte de eventos irradia um grande brilho ao atingir o calor de centenas de sóis. Foi esta luz que o EHT detectou, junto com a "silhueta" do buraco negro.
    Analisar estes dados e produzir uma imagem é uma tarefa hercúlea. Como astrônomo que estuda os buracos negros em galáxias distantes, é raro eu conseguir obter uma imagem clara sequer de uma estrela nessas galáxias, muito menos do buraco negro no centro delas.
    A equipe do EHT decidiu concentrar-se em dois dos buracos negros supermassivos mais próximos de nós — na grande galáxia em forma de elipse M87, e em Sagitário A, no centro da nossa Via Láctea.
    Para dar uma ideia da dificuldade da tarefa: embora o buraco negro da Via Láctea tenha uma massa de 4,1 milhões de sóis e um diâmetro de 60 milhões de quilômetros, ele encontra-se a 250 614 750 218 665 392 quilômetros de distância da Terra — o equivalente a ir de Londres a Nova Iorque 45 trilhões, ou milhões de milhões de vezes. Como a equipe do EHT comentou, isto é como estar em Nova Iorque a tentar contar os sulcos de uma bola de golfe em Los Angeles, ou fotografar uma laranja na lua a partir da Terra.
    Para fotografar um objeto tão impossivelmente distante, a equipe do EHT precisaria de um telescópio tão grande como a própria Terra. Não existindo uma máquina desse tamanho, a equipe ligou entre si telescópios por todo o mundo e combinou os dados recolhidos por eles. Para captar uma imagem precisa a uma tal distância, os telescópios tinham de ter grande estabilidade e as suas leituras sincronizadas na perfeição.
    Para atingir este feito, a equipe usou relógios atômicos tão precisos que a cada 100 milhões de anos perdem apenas um segundo. Os 5 mil Terabytes de dados recolhidos ocuparam centenas de discos duros que tiveram de ser transportados e ligados fisicamente a um supercomputador, que corrigiu as diferenças de tempo nos dados e produziu a imagem do buraco negro.
(Por Kevin Pimbblet, professor de Física da Universidade de Hull – Texto adaptado)
“Naquele encontro se viam grandes cientistas entusiasmados com a inédita descoberta.” O pronome SE pertence à seguinte classe gramatical:
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Texto associado.
            Como ataques na internet podem ser a “gota d’água” em casos de depressão
                                                                                                                                      Ana Paula Blower
01         A morte de uma blogueira do Rio de Janeiro, no mês de julho, mobilizou internautas e
02 levantou uma discussão sobre cyberbullying, depressão e suicídio. A história envolvendo a jovem
03 começou a se tornar conhecida quando, no domingo, ela contou em uma rede social que o noivo
04 havia terminado o relacionamento um dia antes do casamento e que ela manteria a cerimônia
05 mesmo assim, casando-se “consigo mesma”. O episódio gerou uma série de ataques à moça,
06 que, no dia seguinte, tirou a própria vida.
07        O suicídio, como explicam especialistas, não é um comportamento isolado, mas
08 multifatorial — envolve uma série de aspectos, como um transtorno mental como a depressão.
09        Nesse sentido, uma situação, como ataques sofridos na internet, pode ser a “gota d’água”, um
10 desencadeador, que se soma a um histórico. Ainda assim, psicólogos e psiquiatras enfatizam a
11 importância de não julgar ou apontar uma causa específica diante de situações que só a pessoa
12 conhece. Tirar qualquer conclusão sobre o que determina ou não um suicídio intensifica o
13 sofrimento de família e amigos que ficam.
14         “A execração pública através das redes pode ser o que chamamos de ‘fator precipitante’,
15 que faz com que a pessoa tome a decisão de tirar a própria vida. Mas não podemos, e nem
16 devemos, determinar que foi isso quando há um caso desses”, disse Carlos Aragão Neto,
17 psicólogo e especialista em prevenção e posvenção do suicídio. “Não é todo mundo que sofre um
18 ataque desses que tira a própria vida. Antes desses fatores, que podem ser ainda o fim de um
19 relacionamento ou uma falência, por exemplo, há sempre alguma questão anterior”.
                                                                         Disponível em: https://epoca.globo.com/ – Texto adaptado.
Considerando-se o emprego da palavra “se”, assinale a alternativa na qual ela tenha sido empregada com mesma função e mesmo sentido que na oração “casando-se ‘consigo mesma’” (l. 05).
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Texto associado.
                 Dicas de Segurança: Em casa
• Em sua residência, ao atender um chamado,
certifique-se de quem se trata, antes mesmo
de atendê-lo. Em caso de suspeita, chame a
Polícia.
• À noite, ao chegar em casa, observe se há
pessoas suspeitas próximas à residência. Caso
haja suspeita, não estacione; ligue para a polícia
e aguarde a sua chegada.
• Não mantenha muito dinheiro em casa e nem
armas e joias de muito valor.
• Quando for tirar cópias de suas chaves, escolha
chaveiros que trabalhem longe de sua casa. Dê
preferência a profissionais estabelecidos e que
tenham seus telefones no catálogo telefônico.
• Evite deixar seus filhos em casa de colegas
e amigos sem a presença de um adulto
responsável.
• Cuidado com pessoas estranhas que podem
usar crianças e empregadas para obter
informações sobre sua rotina diária.
• Cheque sempre as referências de empregados
domésticos (saiba o endereço de sua residência).
• Utilize trancas e fechaduras de qualidade para
evitar acesso inoportuno. O uso de fechaduras
auxiliares dificulta o trabalho dos ladrões.
• Não deixe luzes acesas durante o dia. Isso
significa que não há ninguém em casa.
• Quando possível, deixe alguma pessoa de
sua confiança vigiando sua casa. Utilize, se
necessário, seu vizinho, solicitando-lhe que
recolha suas correspondências e receba seus
jornais quando inevitável.
• Ao viajar, suspenda a entrega de jornais e
revistas.
• Não coloque cadeados do lado de fora do
portão. Isso costuma ser um sinal de que o
morador está viajando.
• Cheque a identidade de entregadores, técnicos
de telefone ou de aparelhos elétricos.
• Insista com seus filhos: eles devem informar
sempre onde estarão, se vão se atrasar ou se
forem para a casa de algum amigo. É muito
importante dispor de todos os telefones onde é
possível localizá-los.
• Verifique se as portas e janelas estão
devidamente trancadas e jamais avise a
estranhos que você não vai estar em casa.
Adaptado de https:<//sesp.es.gov.br/em-casa>. Acesso em: 30/jan./2019.
No trecho “Seus filhos devem informar sempre [...] se vão se atrasar [...]”, os termos em destaque classificam-se, respectivamente, como
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