Na cidade sois todos irmãos, (...) mas o deus que vos formou misturou ouro na composição daqueles de entre vós que são capazes de comandar: por isso são os mais preciosos. Misturou prata na composição dos auxiliares; ferro e bronze na dos lavradores e na dos outros artesãos. Em geral procriareis filhos semelhantes a vós; mas, visto que sois todos parentes, pode suceder que do ouro nasça um rebento de prata, da prata um rebento de ouro e que as mesmas transmutações se produzam entre os outros metais. Por isso, acima de tudo e principalmente, o deus ordena aos magistrados que zelem atentamente pelas crianças, que atentem no metal que se encontra misturado à sua alma e, se nos seus próprios filhos houver mistura de bronze ou ferro, que sejam impiedosos para com eles e lhes reservem o tipo de honra devida à sua natureza, relegando-os para a classe dos artesãos e lavradores; mas, se destes últimos nascer uma criança cuja alma contenha ouro ou prata, o deus quer que seja honrada, elevando-a à categoria de guarda ou à de auxiliar.
(Platão. República. Tradução Enrico Corvisieri. São Paulo, Nova Cultural, 1996, p. 111)
Nesta passagem da República, Platão apresenta uma metáfora que descreve
a) a consagração de uma concepção democrática na polis ideal platônica.
b) os diferentes tipos essenciais de capacidades humanas segundo Platão.
c) o modelo militarista da organização social imperante em Esparta.
d) a organização democrática de Atenas, considerada ideal por Platão.
e) a igualdade intrínseca que caracteriza todos os habitantes da polis.