O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha
aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela
minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
(Alberto Caeiro)
Depreende-se do poema
a) o apego sentimental do poeta pelo rio pouco conhecido que passa pela sua aldeia.
b) a veneração do poeta pelo Tejo, cuja notoriedade percorre diversos países.
c) a nostalgia do poeta em relação ao rio de sua terra natal, apesar de estar próximo ao Tejo.
d) a melancolia do poeta diante da pequenez do rio de sua aldeia em comparação ao Tejo.
e) a grandeza do Tejo, que, no entanto, torna-se pequeno se comparado ao vasto oceano que leva à América.