Durante os três séculos, nos quais vigorou a escravidão no Brasil, a resistência de escravos tanto de origem africana quanto de origem indígena foi constante e tomou as mais diversas formas. No século XIX, quando a escravidão brasileira viveu seu apogeu com o maior afluxo de escravos africanos, o crescimento das cidades fez multiplicar nelas não apenas o número de escravos mas também as formas de resistência, que se diversificavam cada vez mais. E, se as fugas sempre foram as mais famosas e emblemáticas dessas formas de resistência, nunca foram as únicas.
Sobre elas, diz o historiador Marcus Carvalho:
“Nunca faltaram fugas de escravos no Recife. Alguns se aproveitavam dos cortes que o Capibaribe fazia entre os bairros para se evadirem dentro da própria cidade em busca de dias melhores. Existem ainda casos mostrando o outro lado da história: fugas do Recife para o interior, ou até para fora da Província, buscando a distância do senhor ou a proximidade de parentes, amores, amigos e pessoas da mesma etnia ou nação.”
(CARVALHO, M. J. M. Liberdade: Rotinas e Rupturas do Escravismo no Recife, 1822-1850. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2010. P. 176)
Tendo em vista esse cenário, assinale a alternativa INCORRETA .
a) O quilombo do Catucá, situado nas margens do Recife, na primeira metade do século XIX, caracterizou-se por ser um espaço de resistência contra a escravidão, que cresceu beneficiando-se dos muitos conflitos internos das próprias elites escravistas, principalmente nas chamadas insurreições liberais.
b) O quilombo do Catucá, situado nas margens do Recife, na primeira metade do século XIX, cresceu associado a esse centro urbano, beneficiado das fugas de escravos do Recife e canaviais da região, chegando também a se expandir sobre toda a região antes dominada por seu predecessor, o quilombo de Palmares.
c) Com o crescimento da escravidão urbana no Recife do século XIX, começaram a se desenvolver novas formas de fugas, como as chamadas " fugas de portas a dentro ", quando um escravo urbano fugia de seu dono, mas permanecia na mesma cidade, agora servindo a um novo senhor com o qual havia estabelecido um processo de negociação.
d) Construções culturais, como a capoeira, o maracatu, e mesmo o culto a determinados santos católicos, como São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, foram importantes formas de resistência cotidiana, elaboradas por escravos e ex-escravos nas margens da sociedade escravista e mesmo em suas instituições mais importantes, como a Igreja Católica.
e) O trabalho escravo nos canaviais também gerava resistência, fosse na forma de revoltas e assassinatos de feitores, fosse na forma de sabotagens da produção.