Texto associado. TEXTO I
Saga da Amazônia
(Fragmento)
Era uma vez na Amazônia a mais bonita floresta
mata verde, céu azul, a mais imensa floresta
no fundo d água as Iaras, caboclo lendas e mágoas
e os rios puxando as águas
Papagaios, periquitos, cuidavam de suas cores
os peixes singrando os rios, curumins cheios de amores
sorria o jurupari, uirapuru, seu porvir
era: fauna, flora, frutos e flores
Toda mata tem caipora para a mata vigiar
veio caipora de fora para a mata definhar
e trouxe dragão-de-ferro, pra comer muita madeira
e trouxe em estilo gigante, pra acabar com a capoeira
Fizeram logo o projeto sem ninguém testemunhar
pra o dragão cortar madeira e toda mata derrubar:
se a floresta, meu amigo, tivesse pé pra andar
eu garanto, meu amigo, com o perigo não tinha ficado lá.
[...]
(Vital Farias CD: Cantoria I – Kuarup, gravado em Salvador, 1984.)
TEXTO II
Amazônia: a verdade sobre a saúde da floresta
(Fragmento)
No fim da década de 60, sob a justificativa de que
era preciso ocupar a Amazônia para evitar sua
internacionalização, os governos militares distribuíram
terras e subsídios a quem se dispusesse a se embrenhar na
floresta. A ação atraiu para o lugar pequenos agricultores
e pecuaristas do Sul e do Sudeste. Desde então, a
agropecuária floresceu onde antes só havia a atividade
extrativista.
Atualmente, 36% do gado bovino e 5% das
plantações de soja do país encontram-se na região
amazônica. Investir ali é um ótimo negócio. As terras
custam até um décimo do valor no Sudeste. A fartura de
chuvas faz com que o pasto viceje o ano todo e, em
conseqüência disso, os bois atingem a maturidade para
abate um ano mais cedo.
Nas últimas duas décadas, a expansão do
agronegócio fez com que as lavouras e pastos avançassem
cada vez mais pela floresta, contribuindo para o
desmatamento. As imagens de satélite revelam que quase
40% dessa devastação foi realizada nos últimos vinte
anos. Surge aí a questão: quanto é aceitável desmatar para
dar lugar ao agronegócio? Ninguém sabe, porque nenhum
governo produziu um plano de longo prazo para a
ocupação da Amazônia.
Mas uma coisa é certa: os fazendeiros
estabelecidos na região não são criminosos porque
derrubam parte da floresta para tocar seu negócio. Eles
contribuem para o desenvolvimento da Amazônia, criam
empregos e somam pontos ao PIB do país. O que precisa
ser combatido é o desmatamento selvagem, feito à sombra
dos órgãos ambientais, muitas vezes por grileiros de terras
públicas que não hesitam em sacar da pistola contra quem
se opõe a seus interesses.
Revista Veja, ed. 2053, ano 41, no12, 26 mar. 2008, p103-104.
Na construção de um texto, para evitar a repetição de palavras já mencionadas, procura-se substituir essas por outras. A tal processo, que ocorre, predominantemente, com os pronomes, dá-se o nome de anáfora. Nas alternativas a seguir, as relações anafóricas estão corretas, excetuando uma. Assinale-a.
a) Em ‘era preciso ocupar a Amazônia para evitar sua
internacionalização’, o pronome ‘sua’ refere-se à
Amazônia’. (1o parágrafo).
b) Em ‘A ação atraiu para o lugar pequenos agricultores
e pecuaristas’, o termo destacado refere-se à ‘floresta’.
(1o parágrafo).
c) Na frase ‘Investir ali é um ótimo negócio’, o advérbio
sublinhado refere-se à ‘região amazônica’. (2o
parágrafo).
d) No fragmento ‘que não hesitam em sacar da pistola
contra quem se opõe a seus interesses’, o pronome
destacado refere-se aos ‘grileiros de terras públicas’.
(4o parágrafo).
e) No trecho ’em conseqüência disso , os bois atingem a maturidade para abate uma ano antes’, o termo sublinhado refere-se a ‘bois’. (2o parágrafo).