“Ela é imaginada como uma comunidade porque, independentemente da desigualdade e da explora-ção efetiva que possam existir dentro dela, a nação sempre é concebida como uma profunda cama-radagem horizontal. No fundo, foi essa fraternidade que tornou possível, nestes dois últimos séculos, que tantos milhões de pessoas tenham-se disposto não tanto a matar, mas sobretudo a morrer por essas criações imaginárias limitadas. (ANDERSON, Benedict. Nações Imaginadas. São Paulo: Com-panhia das Letras, 2008. p. 34) Anderson (2008) refere-se à nação, sob um olhar antropológico, como uma comunidade política ima-ginada e traduzida, assim, por uma fraternidade capaz de possibilitar as guerras mundiais.
A Primeira Grande Guerra (1914-1918) foi o primeiro conflito, de dimensão mundial, que rompeu com o intervalo de “paz” após as guerras napoleônicas. Sobre a Primeira Grande Guerra, considerando o conceito de comunidades imaginadas de Anderson, é CORRETO afirmar:
a) A derrota da Alemanha e seus aliados na Primeira Grande Guerra definiu as nações entre ven-cedores e perdedores. As nações perdedoras carregaram a pecha da vergonha e tiveram que recomeçar. As nações vencedoras provaram sua superioridade, resolveram as antigas rivalida-des e reforçaram seus governos vitoriosos.
b) A guerra exigiu dos seus indivíduos a crença de que a vitória dependia de sua coragem e resis-tência em defender a nação de um inimigo: o estrangeiro. O estrangeiro era, assim, acima de tudo, tomado como o assassino do irmão, independente da distância consanguínea ou de classe social desse irmão.
c) A guerra se relaciona com o contexto do imperialismo, que colocou frente a frente nações em disputas territoriais e por recursos. Cada indivíduo nacional carregava a consciência de ser parte necessária da luta pela competitividade que garantiria a sobrevivência econômica, e conse-quente política da nação.
d) O conflito mobilizou os ódios e os brios nacionais sob um aspecto etnocêntrico. Cada nação se considerava com superioridade inquestionável frente às outras, o que fez com que soldados, de um lado e de outro, se enfrentassem para provar que eram mais fortes e preparados para sobre-viver, colocando as questões territoriais em segundo plano.
e) O grande articulador da coesão nacional entre os indivíduos foi o temor da morte. Não havia sentimento nacional consolidado antes da Guerra eclodir. A possibilidade iminente da morte criou laços fraternos entre os soldados, que precisavam defender-se dos inimigos juntos, para perpe-tuarem-se, enfim, como nação.