Leia o texto:
“Logo depois, a PF prende também Gilberto Gil. Os dois são levados para quartel da Polícia do Exército, na rua Barão de Mesquita. Passam o reveillon de 1969 na cadeia. Lá Caetano encontra outros presos, como Ênio Silveira, dono da editora Civilização Brasileira (a mesma dos livros de Bertrand Russell), que lhe empresta O estrangeiro, de Camus. Depois, é transferido para um outro quartel, em vila militar no subúrbio de Deodoro, zona norte do Rio. Na cela ao lado, Gil divide espaço com Paulo Francis, Ferreira Gullar e outros intelectuais. Caetano vai parar na barbearia do quartel e perde a cabeleira “selvagemente grande” cultivada por quase dois anos. Após dois meses na cadeia, são transferidos para Salvador e lá permanecem confinados por mais quatro meses. Proibidos de se apresentar em público e de dar entrevistas, tomam o caminho do exílio. Ao embarcar para Londres, um dos policiais afirma para Caetano:
- Não volte nunca mais. E, se pensar em voltar se entregar logo que chegue para nos poupar trabalho”.
(MARCELO, Carlos. 1970 – Renato Russo: o filho da revolução. Rio de Janeiro:Agir, 2009. p.40.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a Ditadura Militar Brasileira (1964 - 1985), assinale a alternativa correta:
a) O episódio apresentado no texto foi vivenciado no período em que estava no poder o general Emílio Garrastazu Médici, nesta época a ditadura militar assumiu sua face mais cruel. Enquanto ostentava um jeito bonachão e simples, que costumava ir ao estádio para ver os jogos do Flamengo, com radinho de pilha, Médici submeteu os meios de comunicação a rigorosa censura e deu carta branca a esquadrões da morte e aparelhos repressivos para prender, torturar e matar quem ousasse opor-se à ditadura.
b) O texto relata um acontecimento ocorrido no governo do marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, este que foi o primeiro da série de militares que ocuparam a presidência da República após o golpe de 1964, intervenção que prometeram ser breve, mas que se prolongou por 21 anos.
c) A prisão de Caetano Veloso no reveillon de 1969, como abordado no fragmento textual ocorreu no governo do marechal Artur da Costa e Silva, segundo presidente do ciclo militar, de acordo com a historiografia, que assumiu a presidência em 15 de março de 1967 e decretou o ato institucional nº5 no dia 13 de dezembro de 1968, e promovendo a riqueza de poucos à custa da miséria de muitos.
d) O acontecimento relatado no texto está relacionado ao governo Geisel, que começou a libertar, aos poucos, os jornais que estavam sob censura.