Questão 161616: Considere as afirmações abaixo. I. De acordo com o...

Considere as afirmações abaixo. I. De acordo com o texto, o homem tem tendência a se agrupar, tendo como base sempre a cor da pele e as características físicas. II. O intuito da experiên...



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As raízes do racismo

Drauzio Varella

Somos seres tribais que dividem o mundo em dois grupos:

o "nosso" e o "deles". Esse é o início de um artigo sobre racismo

publicado na revista "Science", como parte de uma seção sobre

conflitos humanos, leitura que recomendo a todos.

Tensões e suspeições intergrupais são responsáveis pela

violência entre muçulmanos e hindus, católicos e protestantes,

palestinos e judeus, brancos e negros, heterossexuais e

homossexuais, corintianos e palmeirenses.

Num experimento clássico dos anos 1950, psicólogos

americanos levaram para um acampamento adolescentes que

não se conheciam.

Ao descer do ônibus, cada participante recebeu

aleatoriamente uma camiseta de cor azul ou vermelha. A partir

desse momento, azuis e vermelhos faziam refeições em horários

diferentes, dormiam em alojamentos separados e formavam

equipes adversárias em todas as brincadeiras e práticas esportivas.

A observação precisou ser interrompida antes da data

prevista, por causa da violência na disputa de jogos e das brigas

que irrompiam entre azuis e vermelhos.

Nos anos que se seguiram, diversas experiências

semelhantes, organizadas com desconhecidos reunidos de forma

arbitrária, demonstraram que consideramos os membros de nosso

grupo mais espertos, justos, inteligentes e honestos do que os "outros".

Parte desse prejulgamento que fazemos "deles" é

inconsciente. Você se assusta quando um adolescente negro se

aproxima da janela do carro, antes de tomar consciência de que

ele é jovem e tem pele escura, porque o preconceito contra homens

negros tem raízes profundas.

Nos últimos 40 anos, surgiu vasta literatura científica para

explicar por que razão somos tão tribais. Que fatores em nosso

passado evolutivo condicionaram a necessidade de armar

coligações que não encontram justificativa na civilização moderna?

Por que tanta violência religiosa? Qual o sentido de corintianos

se amarem e odiarem palmeirenses?

Seres humanos são capazes de colaborar uns com os

outros numa escala desconhecida no reino animal, porque viver

em grupo foi essencial à adaptação de nossa espécie. Agruparse

foi a necessidade mais premente para escapar de predadores,

obter alimentos e construir abrigos seguros para criar os filhos.

A própria complexidade do cérebro humano evoluiu, pelo

menos em parte, em resposta às solicitações da vida comunitária.

Pertencer a um agrupamento social, no entanto, muitas

vezes significou destruir outros. Quando grupos antagônicos

competem por território e bens materiais, a habilidade para formar

coalizões confere vantagens logísticas capazes de assegurar maior

probabilidade de sobrevivência aos descendentes dos vencedores.

A contrapartida do altruísmo em relação aos "nossos" é

a crueldade dirigida contra os "outros".

Na violência intergrupal do passado remoto estão fincadas

as raízes dos preconceitos atuais. As interações negativas entre

nossos antepassados deram origem aos comportamentos

preconceituosos de hoje, porque no tempo deles o contato com

outros povos era tormentoso e limitado.

Foi com as navegações e a descoberta das Américas que

indivíduos de etnias diversificadas foram obrigados a conviver,

embora de forma nem sempre pacífica. Estaria nesse estranhamento

a origem das idiossincrasias contra negros e índios, por exemplo,

povos fisicamente diferentes dos colonizadores brancos.

Preconceito racial não é questão restrita ao racismo, faz

parte de um fenômeno muito mais abrangente que varia de uma

cultura para outra e que se modifica com o passar do tempo. Em

apenas uma geração, o apartheid norte?americano foi combatido

a ponto de um negro chegar à Presidência do país.

O preconceito contra "eles" cai mais pesado sobre os

homens, porque eram do sexo masculino os guerreiros que

atacavam nossos ancestrais. Na literatura, essa constatação

recebeu o nome de hipótese do guerreiro masculino.

A evolução moldou nosso medo de homens que pertencem

a outros grupos. Para nos defendermos deles, criamos fronteiras

que agrupam alguns e separam outros em obediência a critérios

de cor da pele, religião, nacionalidade, convicções políticas, dialetos

e até times de futebol.

Demarcada a linha divisória entre "nós" e "eles",

discriminamos os que estão do lado de lá. Às vezes com violência.

Considere as afirmações abaixo.
I. De acordo com o texto, o homem tem tendência a se agrupar, tendo como base sempre a cor da pele e as características físicas.
II. O intuito da experiência científica dos psicólogos americanos na década de 1950 era obter dados que ajudassem a descrever o comportamento humano.
Está correto o que se afirma em