Leia o registro de um contemporâneo da peste negra.
Eis que, em outubro do ano de 1347 da Encarnação do Senhor, (...) muitos genoveses, em doze galeras, fugindo à cólera divina que se abatera sobre eles em razão da sua iniquidade, acostaram no porto da cidade de Messina. Os genoveses transportavam consigo (...) uma doença tal que quem quer que tivesse falado com um deles era atingido por essa enfermidade mortal (...). As pessoas odiavam-se umas às outras a ponto de, se um filho fosse atingido pelo mal, o pai se recusar terminantemente a ficar do seu lado; e se ousasse aproximar-se dele, seria de tal modo atingido pelo mal que não haveria modo de escapar à morte (...).
(Michel de Piazza. Historia secula ab anno 1337 ad annum 1361. Apud Georges Duby. A Europa na Idade Média , 1988.)
A partir do trecho, pode-se afirmar que a peste negra era encarada como
a) uma manifestação de castigo divino e que teve como um de seus efeitos a desagregação das relações sociais.
b) um momento fundamental de reorganização das relações familiares no interior da nobreza feudal e de descrença na autoridade papal.
c) um produto da ação dos heréticos medievais e provocadora de novas ideias religiosas, como a crença nos santos.
d) um fenômeno natural, derivado das condições de isolamento das comunidades feudais e que gerou a ideia do ateísmo.
e) uma decorrência direta das atividades econômicas que buscavam o lucro e da defesa que a Igreja fazia das indulgências.