Carnaval na Idade Média: Origem, Quaresma, Bobo da Corte

Por Maíra Pires em História, Carnaval | 05/09/2022 08:34:56

A ideia do carnaval medieval era propor um momento de viver a vida sem as imposições e restrições da vida em sociedade.



Carnaval na Idade Média: Origem, Quaresma, Bobo da Corte

Umas das festas mais populares do Brasil, o carnaval, teve grandes influencias das chamadas “Festas dos Loucos” do período medieval.

Carnaval vem da expressão latina “carnem levare” que traduzido significa “ficar livre da carne,” termo que fazia referencia ao período de liberdade antes da quaresma.

A origem do carnaval

As festas de carnavais têm reminiscências que remontam o período da antiguidade e do medievo. Na Roma antiga existiam as festas saturnais, estes eram festejos em homenagem ao deus da agricultura e a fertilidade do solo.

Os foliões festejavam a colheita e a chegada da primavera. O soldado mais belo entre os foliões era escolhido como deus momo no carnaval e se tornava o rei.

No Egito os festejos eram em homenagem ao deus Osíris devido ao período de esvaziamento do rio Nilo e de plantação. Dionizio, deus do vinho e da loucura era louvado na Grécia.

Já no período medieval o festejo entrou para o calendário da Igreja Católica e seria um momento de liberdade e de excessos, uma “válvula de escape” que antecedia os dias de resguardo e seriedade da Quaresma.

A quaresma é um período de 40 dias antes da páscoa em que é proibido consumir carne.

Representação do carnaval na Idade Média.
Representação do carnaval na Idade Média.

Carnaval: A festa dos loucos

O período que antecedia o sagrado período da Quaresma, a Igreja, obrigada a conviver também com as tradições pagãs, a Festa dos Loucos como ficou conhecida, era um momento de desapego das tradições cristãs e de ultrapassar os limites impostos pela sociedade.

Os foliões usavam fantasias para guardar sua identidade e festejavam nas ruas. A festa era promovida pelo baixo clero e nela se escolhei quem era a grande autoridade da festa, que era chamado de Bispo ou Papo dos Loucos, como uma escolha dos reis carnavalescos.

Padres e demais membros do baixo clero também usavam fantasia, mascaras e até mesmos dançavam vestidos com roupas femininas. As músicas também eram associadas a libertinagem e promiscuidade.

A ideia do carnaval medieval era propor um momento de viver a vida sem as imposições e restrições da vida em sociedade. A disciplina religiosa, os bons costumes e a autopreservação era trocada por um momento de vida pagã, o apego aos desejos carnais e o riso aberto, sem regras morais, éticas, políticas ou tabus.

Era o entrelaçamento entre a ordem do sagrado e o profano. O carnaval nesse período não era uma festa a parte, mas era uma experiência vivida por toda a sociedade, sendo uma das mais importantes manifestações do medievo.

Durante os três dias de carnaval antes dos 40 dias sem comer carne e de penitencia, a Igreja permitia as manifestações profanas como uma “válvula de escape”.

O Bufão: Bobo da corte

Um dos personagens característicos da idade média e do inicio do renascimento que será central nos festejos carnavalesco era o Bufão, figura semelhante ao conhecido como “Bobo da corte”.

Este não era apenas um personagem fantasiado, mas eram pessoas que tinham como modo de vida o viés cômico em todas as suas relações cotidianas.

Foto de perfil Maíra Pires
Graduada em História, habilitada para Licenciatura e Bacharelado, (UDESC) e Mestre em História (UDESC). Cursando Doutorado em História (PUC-SP).

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